domingo, 8 de junho de 2014

Homenagem ao meu Pai

Hoje vim falar de uma pessoa muito especial: Meu pai. Não, não é aniversário dele! O que me impulsionou a escrever este post foi uma matéria que li sobre um moço que era lixeiro e se tornou médico no Brasil. 
O que escreverei hoje poderia ser uma história qualquer, como de muitos brasileiros que nasceram em lares de baixa renda. Porém, merece destaque, porque há um diferencial: a determinação e Fé.

Papai Ditinho e Mamãe Debrinhas
Meu pai chama-se Benedito Cruvinel Amorin. Nasceu em uma família muito pobre, no interior de Minas Gerais, em uma cidade chamada São Sebastião do Paraíso. Seu Pai era caminhoneiro e sua mãe Dona de Casa. Tem 7 irmãos. 
Meu pai nos conta que sua infância foi muito sofrida. Quando meu avô, que também se chama Benedito, conseguia comprar um doce, aquele Gibi, dividia em 8 partes. E ele minha vó ficavam sem comer. 
Com aproximadamente 13/14 anos, Benedito, mais conhecido como Ditinho ou Bené ou até Cruvinel, entregava pão de madrugada em cima de um burrinho. Diz ele que morria de medo de assombração, tadinho. Depois disso trabalhou em muitas outras coisas. Já foi explorado, humilhado... Era muito religioso e sempre acompanhava sua avó nas missa. Quando nos conta se emociona e diz sentir muita saudade.
Posso dizer que meu pai é um homem de Deus. Tudo o que ele conseguiu foi por sua força de vontade, determinação e Fé. 
Quando já moço foi para BH prestar bolsa de engenharia elétrica na PUC. Ele ficou pra segunda lista. Mas deu certo que alguns desistiram (não sei exatamente quantos) e ele conseguiu entrar. Meu avô mandava um pouco de dinheiro para ele se manter. 
Sinto que as pessoas costumavam ser mais gentis do que nos dias de hoje, porque não tinha dinheiro pra comprar livros, utensílios como calculadora e seus colegas emprestavam pra ele.
Morava em uma pensão e diz que teve cada companheiro de quarto que só pela misericórdia! Comia pão com ovo quase todos os dias. 
A manutenção foi ficando pesada. Então, pensou em desistir, voltar pro colinho da mãe, achou que não ia dar certo. Mas sua mãe disse: - Não, Ditinho! Força, continue, vai dar tudo certo, não desiste não. Está quase acabando! - Então, com os sábios conselhos da minha vó, ele se fortaleceu e começou a dar aulas particulares de matemática. Diz que pra economizar com ônibus ia a pé mesmo. E era super longe e cansativo. Mas ele venceu.
Cruvinel sempre conta uma história que ele estava morrendo de fome e foi para igreja. Lá ficou orando pra que alguém o chamasse pra almoçar na casa, mas de forma alguma ele iria se oferecer. O culto acabou e nada de ninguém convidá-lo. Até que apareceu um senhor, que tinha uma família bem grande e o convidou pra almoçar na casa dele. Meu pai ficou muito feliz, porque Deus havia ouvido a oração dele. Pois, caso o contrário, teria de comer um pacote de bolacha.
Ele conseguiu se formar, mas demorou pra encontrar um emprego. Eu acredito que isso foi proposital, pois Deus tinha o melhor pro meu pai. Queria provar a fé dele! Alguns anos depois conseguiu entrar em FURNAS. Ele deveria escolher entre três cidades e escolheu Itapeva/SP. Lá conheceu minha mãe, se casaram e teve meu irmão Samuel e eu :) Mostrou o seu talento silenciosamente e, depois de quase vinte anos de firma, se tornou chefe da subestação de Itaberá. Fez MBA e tirou dez em sua monografia. (Pra quem o conhece, sabe que tinha um professor que o chamava de Ditinho dezzz! (risos))
Também foi grande implantador de igreja na cidade de Itapeva. Grande conhecedor da palavra de Deus. Verdadeiro pastor e missionário. Sem mesmo ter formação acadêmica na área. O admiro demais por isso. Nunca explorou as pessoas. Nunca pediu um centavo pra obra de Deus, muito pelo contrário. Sempre mostrou o amor de Deus com seus atos. Um homem admirável, humilde. Tanto que até ganhou uma condecoração como cidadão itapevense!
Eu sei que muitos me criticam, pois pensam que eu idolatro meu pai. Não é isso. Ele é pecador sim, como qualquer ser mortal; Mas ele se aproxima bem de daquilo que a palavra nos diz pra sermos: parecidos com Jesus. Ele busca mudar a cada dia. Sei disso, porque morei 21 anos com meu pai e convivo de pertinho. 
Ditinho sempre tem uma palavra de ânimo, um homem equilibrado. Tem imensa facilidade de perdoar. Tenta entender as pessoas e sabe recomeçar todos os dias. Já sofreu demais, chegou até ficar de cama,por causa de muitos religiosos sem DEUS NO CORAÇÃO, que o 'crucificaram' por coisas banais, por regras de instituições;  mas nem por isso abandonou o barco ou deixou de crer, de ter fé.
Ajuda todos que estão a sua volta. Até chamado de tonto e bobo por causa disso. Outros já pensaram que quis ajudar por maldade ou segundas intenções. Fico muito triste quando pensam isso do meu pai, porque ele é uma pessoa maravilhosa, que nasceu pra servir.
 Tenho muito o que dizer, contar, mas em um post só não cabe. Quem sabe em um próximo? 
Eu o amo demais. Talvez nunca tenha dito isso a ele. E este post é pra ficar registrado o meu amor, meu carinho e meu reconhecimento.
Então pai, se você estiver lendo, quero que saiba que te agradeço por sempre me compreender, me sustentar financeiramente, espiritualmente. Por nunca desistir de mim e acreditar que eu posso ser alguém melhor todos os dias. Você é um vencedor. Combateu o bom combate. Continue assim, abençoando vidas com seu exemplo de vida. que muitas pessoas leiam isto e sejam quebrantadas, tenham esperança de uma vida melhor. Porque quem quer consegue alcançar voos mais altos. Quero deixar registrado isso enquanto você está vivo e possa ler e saber, pra depois não me arrepender.
 De sua filha,
Kikinha.

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